domingo, 14 de dezembro de 2008

B A L A D A P A R A U M F A N T A SMA

Teus olhos vitrais de inverno
Desnudam meu corpo em vôo
Estás distante és tão terno
Se te aproximas eu morro
Ao ver-te longe e isento
De pé sobre um muro frágil
Consigo amar-te em silêncio
Porquanto ainda és miragem

Se vens como tempestade
Para açoitar meu vestido
Não virás como o amigo
Mas como as ervas daninhas
Não me cante ladainhas
Faça-me sinfonias
Abraços em profundezas
Cantos de noite fria
E se por hora és momento
Acúleo, praias de cruz
Tua mão não me conduz
Se não te alcanço, te invento

No lugar de tua pedra
Estendo uma nuvem parda
Ordeno um céu de baladas
Para acordar teu fantasma
Giro a lua em seis dragões
Para dizer-te segredos
Rabisco novos enredos
Em tua floresta pálida

Viro páginas de insônia
Tentando escrever-te estrelas
Alimento o cão vazio
Que dorme em tua soleira
.

2 comentários:

Assis de Mello disse...

Já parou pra pensar na força desse poema ?? Releia-o, dona autora, quantas vezes precisar pra sentir o que eu senti. De que garrafa você saiu ?

Sandro Guimarães de Salles disse...

Parabéns Denise. Escuto suas músicas e leio seus poemas há muito tempo. Sou músico e antropólogo. Gostaria de ver um espetáculo seu aqui em Recife, onde moro. Será que há alguma possibilidade?

Cordialmente,
Sandro