terça-feira, 28 de julho de 2009


foto Assis Mello

Dê-me a palavra que invento um bosque

Pleno de repousos e grandes baobás

Sopre-me o verbo que verso o mote

Viagem sem norte vento de além mar.




terça-feira, 14 de julho de 2009


foto Assis Melo
O SILÊNCIO DO AMOR

Tenho em mim muitas palavras que não me dissestes ainda
Porquanto espero em vida as frases por ti guardadas

São sílabas sussurradas de páginas esperadas
Pois que se invento enrêdos é porque não me dizes nada

E foi enquanto me amavas a caravela piava
E uma aurora cantava versões de vozes ventadas

E outras mais que escutava os surdos da madrugada
Só tu não dizias nada e nada me perguntavas

Na hora em que me beijavas teus olhos por onde andavam?
Teus pensamentos e sonhos em que verões viajavam?

Se amou sem qualquer palavra é porque em mim não morava
Mas em furtivas ilhargas, deserto de sua lavra.

quinta-feira, 2 de julho de 2009


foto Assis Melo

IMAGINO


Imagino línguas de cães em meu vestido
Tocas meu corpo como se quebrasse um vidro
Lençóis da noite são as águas quentes
Que provocas com um beijo simplesmente

Imagino sombras secretas sobre um muro
Quando me abraças contra o portão escuro
A rara alfombra nos cobre de inverno
E eis que alcanço a glória do inferno.