quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

ESCULTURA

Esculpe-me o mundo
Esculpe-me
Como se
A uma pedra
Cada vez
Mais ponta
E fria
Cada vez
Mais lança
E funda

Aponta-me o mundo
Aponta-me
Como se
A um lápis
Fino
Cada vez
Mais cego
E cínico
Como
A escrita
De um sangue

4 comentários:

Assis de Mello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cisc o z appa disse...

caramba!

esculpiu
sensibilidades
e
de forma
clara
aberta
com a contundência
dos minerais...

evoé!

Assis de Mello disse...

Esculpe-te o mundo:

farol que vara a neblina
, rútilo pistilo no emaranhado das cinzas


O recalcitrante cinzel do tempo
&
um obcecado martelo
do qual não se foge
entalham-te:
flor-de-passiflora
com radiosa simetria


Dão-te forma
a partir dos mesmos blocos de minério
pelos quais te vences
com grampos
mosquetões
alumbramento
e corda
rumo ao silêncio das alturas


É de lá
de lá daquele lugar
onde poucos chegam
que a pedra delapidada
emite seu canto
lunar

BAR DO BARDO disse...

Gostei do toque paralelístico.

Boa composição.